sábado, 2 de abril de 2011

Minha vida com os anjos

A primeira vez em que vi um anjo foi aos doze anos de idade.
Não é uma idade em que você espera ver um, e ali estava ele, bem á minha frente. E não estava sozinho.
À principio era apenas esse anjo da curiosidade, e porque não dizer, o anjo do descaso. Sim, lá estava também o anjo do paradoxo.  
Logo o anjo da alegria veio. Sim, o anjo da juventude, o anjo do “novo” e o anjo da inocência. Todos eles. Todos juntos. Dançávamos e cantávamos. O anjo do desprendimento, o anjo da liberdade e o anjo do descompromisso.
Mas alguns tiveram que partir.
Pra que outros pudessem chegar.
O anjo do medo, o anjo da confusão, o anjo da falta, sim, e o inevitável anjo do amor.
Desses, prevaleceu o último. E trouxe consigo, o imponente anjo da amizade.
E esse. Jurou nunca mais partir
O anjo da saudade era constante. Vinha e voltava. Voava perto, sempre rondando. E com ele, sussurrava e me lembrava de todos os demais. Incluindo. O anjo do medo, o anjo da confusão, o anjo da falta e o inevitável anjo do amor.
Esse último, que por teimosia, também resolveu ficar. E prometeu nunca mais partir
O anjo do tempo era minúsculo perto dos demais. Parecia, às vezes, nem ao menos existir. Coitado, não teve oportunidade de me avisar sobre muitas coisas.
Como por exemplo. A chegada surpresa e imediata de anjos que eu não sabia como lidar.
O anjo idealista, o anjo revolucionário, o anjo livre, o anjo independente.
De repente. Me vi sem anjo algum. Todos se foram.
Mas é claro. Como sempre. Voltavam.
Se um não vinha, vinha outro. E assim sucessivamente.
O anjo da angustia surgiu quieto, assim como o anjo da dor e a volta do anjo da confusão.
Logo um belo anjo apareceu em minha vida. Um anjo completamente novo. Um anjo que embora eu jurasse já ter visto. Estava enganado. O anjo da verdade, o anjo da salvação. O anjo da libertação e o anjo da coragem. Sempre acompanhado é claro. Por aqueles que nunca foram embora.
Cantávamos e dançávamos novamente.
Até chegar o dia em que escolhi o mais bonito dos dias. A mais bonita das palavras no mais bonito dos momentos. E disse á aquele anjo. O quanto o queria bem.
Ele simplesmente me olhou e disse palavras de incerteza e voou para longe.
Então fiquei eu sem anjo algum novamente.
O anjo da saudade como sempre, voando baixo. O anjo da dor se apoiou em meu ombro e não, não tentou me confortar.
Mas naquela hora o anjo da lembrança não me deixou esquecer dos 4 novos anjos que me fizeram abrir os olhos, os já citados anjos da verdade, salvação, libertação e coragem
E é claro. Sempre acompanhados por aqueles que nunca foram embora.
O anjo da incerteza voltou. O anjo confuso e o anjo dependente de um sentimento que eu lhe proporcionava e que o fazia se sentir bem. Não me fazia bem. Mas fiquei ao seu lado assim mesmo. Culpa daqueles que juraram nunca ir embora.
Logo um novo anjo chegou. O anjo do amor, não, outro amor, um amor novo. Ainda sim, inexplicável. Porém. Lindo, perfeito e suave. Sem matar o anjo da inocência dançávamos e cantávamos novamente. Eu e o anjo da alegria, o anjo da juventude e o anjo do “novo”, o novo “novo”, Era assim que eu o via. Apenas eu.
Mas, assim como fora antes, de uma hora para a outra. Quis voar pra longe, agora com palavras de certeza. A certeza de querer ficar longe. Longe, porém perto. Não entendi e perguntei se ele havia sido claro. Era exatamente isso.
Não importando o que isso me causaria, ou o quanto isso não me parecia correto.
Não importando o quanto isso me mataria.
Disse, eu, por fim. Que isso eu não poderia suportar. Não poderia ser longe, porém perto. Não fazia o menor sentido, pelo menos não para mim.
Isso era tudo o que eu temia. Esse sempre foi meu pesadelo. As duras palavras de um anjo que amei a vida inteira... Desde os 12 anos de idade. Não foi amor á primeira vista. Isso não existe. Mas foi ali que tudo começou.
Me virei e parti.  Com lágrimas nos olhos.
Deixei os anjos de lado, os anjos que estavam comigo a vida inteira. Percebi então.
Entendi a verdade deles. Entendi que a verdade era mentira para todos eles e apenas verdade para mim.
Que me enganava.
Envergonhado me virei e parti.
E deixei os anjos voarem livremente, como aquele de anos atrás. Como todos. Porque todos são um.
Me virei e parti.
Deixando os anjos para trás.
Com exceção é claro... Do anjo da saudade que ainda voa baixo...
E daqueles que prometeram nunca partir.
E acho que esses.
Realmente
Nunca se vão.


Micke S.A

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