Dottie Brown e o Superman.

Essa é a história do meu quase casamento...
Uma garota chamada Dottie Brown, bonita, cabelos longos, sempre usava uma blusa de lã.
Era uma garota de Torrance,  perto de San Pedro, indo para o terminal Island.
Queria que eu fosse técnico de informática... Queria me ver trabalhando... Preso num vagão gelado indo e vindo de um canto ao outro da cidade e de um canto ao outro do dia. A fumaça que saia das chaminés de Torrance eras as mesmas tanto ás 6:00 quanto ás 18:00. As árvores secas, o lago branco e a cara feia das pessoas que viviam por lá. Tudo o mesmo. 
Dottie Brown certa vez me comprou uma revista, disse que eu aprenderia algo com ela. Era a minha chance. A minha chance de me tornar uma boa pessoa.
Mas a revista de Dottie Browm havia mais do que técnicas de informática.
Havia Superman.
Foi então que quis ser mais Superman do que técnico de informática.
Fingia ler o manual mas lia as aventuras. Fingia que aprendia números, mas decorava frases feitas.
Depois fingia que praticava... Mas estava costurando minha capa.
Dottie me pegou vestindo a cueca por cima das calças. Dottie me pegou tentando voar. Dottie Brown viu que eu não dava a mínima para técnicas de informáticas.
Dottie Brown me abandonou, foi embora para Mount Pearl com um canadense que falava em construir aparelhos de micro-ondas e cozinhar algumas coisas. Falava sobre o futuro.
Aprendi a voar. Me alistei. Quis lutar pelo meu povo. Ser um herói.
Mas aprendi que Superman são os outros.
Dottie estava certa.
Entendi o que ela gritava histericamente quando vi minhas pernas misturadas com os destroços de meu bombardeiro em pleno oceano pacífico.
Mas consegui, antes do amargo fim, sorrir calorosamente quando lembrei de um artigo que li em Saint Faith...
Micro-ondas causam câncer.

 Essa é a história do meu quase casamento...
Com uma garota chamada Dottie Brown, bonita, cabelos longos e que sempre usava uma blusa de lã.
Ela queria que eu fosse técnico de informática.
E eu.

Superman.


Mike.