sexta-feira, 16 de março de 2012

Todo Mundo é Crítico! Especial: João Amorim

Ensaio sobre a obra de João Amorim.

Parte I de III
“Obrigado a matar”

              Primeiramente queria agradecer pela oportunidade de analisar e decifrar obras tão complexas e delicadas como são as obras de João Amorim.

              Como crítico de cinema e amante da sétima arte não pude, claro, deixar de sentir-me lisonjeado e envaidecido. Três grandes trabalhos desse grande autor serão discutidos em três seções. Primeiramente trataremos de sua obra mais conhecida e de maior aceitação pela crítica: Obrigado a Matar. Seguido pelo incompreendido e incompleto: Os Tropeiros. E por fim pela sua obra mais audaciosa e desafiadora: O Forasteiro. Parte I e parte II.

             Espero que gostem das análises dessa obra, que podemos considerar como algo singular pela coerência e fidelidade de continuidade e que pela sua força de roteiro, sua montagem rápida vertiginosamente perspicaz e pela dinâmica de atuação poderíamos compará-la com as obras de Quentin Tarantino, Gaspar Noé e até mesmo Chan-wook Park. Mas o que seria completamente equivocado, pois como se nota, João Amorim é incontestávelmente incomparável.







               Por que “Obrigado a matar”? – Essa história ilustra de forma rápida e eloqüente os perigos e os conflitos das querências do Brasil erroneamente tomadas por paraísos tranqüilos e pacíficos. Aprendemos que até mesmo o homem comum em seu habitat familiar é obrigado a tomar medidas violentas e não ortodoxas quando confrontado pela brutalidade animalesca que afeta até mesmo os lugares mais hospitaleiros, tornando-os inóspitos e selvagens. O homem comum não tendo outra escolha é obrigado a matar para defender-se das forças autoritárias dos males humanos. Não só a si, mas a toda sua família, e porque não dizer comunidade e país.  Até mesmo o mais sensato enlouquece. Assim como citou a senhora Amorim aos prantos chorosos debruçada ao corpo inerte de seu marido. Uma verdadeira loucura.

             Os vikings das querências – É de conhecimento geral a existência desse grupo bárbaro que invadem casas e vilas a fim de pilhar riquezas, matar senhores feudais e tomar suas mulheres para si como escravas (sendo para fins sexuais ou para fins de trabalhos domésticos).  João Amorim nos apresenta de forma cuidadosa os elementos chaves desse grupo, suas intenções e métodos covardes. Arrombam a porta, matam o “homem comum” e tentam tomar a mulher para si e devido as afrontas da mesma matam-na a sangue frio. O detalhe de o tiro ter sido bem ao meio da testa não é descartável, sendo que nos informa a habilidade desses atiradores de elite que há anos empenham seus hábitos cruéis e desumanos.  Uma sátira á raça humana, que desde que aprendeu a manejar armas de fogo, o fazem para motivos torpes e vis.

              A semiótica de João Amorim – Tudo nesse filme tem um porquê. Ou em questões filosóficas ou em questões políticas. Primeiramente João Amorim, o personagem principal. Certamente um homem da alta estirpe em sua sociedade capitalista. Sendo que não estão trabalhando nem ele, nem sua esposa. Passam os dias sentados tomando chimarrão e divagando o quanto suas vidas são perfeitas e confortáveis. Se João Amorim e sua esposa estivessem carpindo um lote ou plantando algum grão dificilmente a tragédia aconteceria em meio à sala traumatizando uma criança e mutilando uma família inteira a troco de nada. Outro caso curioso de simbolismo é o fato da criança ter sido interpretada por duas meninas. O que João Amorim quis dizer. Aquela menina na verdade, não existe de fato, é só um fruto da vontade de João Amorim, o macho alfa, ter uma cria a quem possa defender. Isso nos é dito pela utilização de duas meninas, ou seja, não importa quem seja a criança, mas o fato dela se fazer presente em meio á confusa e trágica realidade que assola a maligna mente humana. Duas garotinhas distintas representam em Obrigado a matar todas as crianças indefesas do mundo que já passaram por esse tipo de violência.

              A redenção de Santana – Santana é um daqueles personagens ímpares que carregam em si as qualidades mais puras e verdadeiras de um ser humano. Inquestionavelmente o herói dessa história. Muitos acreditam que Santana seja um policial infiltrado na gangue de mal feitores e que no momento certo acionou reforços para que, de uma vez por todas, acabassem as ondas de mortes pelas mãos cruéis de seu suposto líder. O gaucho. Isso explicaria o fato da policia chegar ao local do crime exatamente no momento em que ele foi executado. Mas eu, particularmente, acredito que não. Acredito que o caso é muito mais profundo e delicado. Conhecendo João Amorim como conheço, acredito no fato de Santana ter se redimido no decorrer da trama, passando de um dos vilões para um dos heróis. O primeiro sinal de mudança de comportamento acontece quando Santana é ordenado por seu chefe á matar a mulher indefesa bem á sua frente. Mas reparem que o executor da ordem não foi Santana e sim outro capanga qualquer que nem ao menos tem nome na história. Onde estaria então Santana na hora da morte? Relatos dizem que parte da fita em que isso é explicado se perdeu no grande incêndio dos estúdios de João Amorim, infelizmente uma perda irreparável. Mas acredito, pela lógica, que nessa hora, Santana escandalizado com tamanha violência e arrependido por seus crimes, chama a policia escondido. O que nos leva á questão da “eficiência policial”. O segundo forte sinal é que quando confrontado pela garotinha indefesa se ele a mataria Santana fraqueja e explica que não mata crianças. A criança como sabemos não era nada além de fruto da imaginação de João Amorim, e nesse caso também podemos associá-la á uma forma de “espírito da criança interior”. A qual Santana teve contato e desde que decidiu não “matá-la” sua vida nunca mais foi a mesma. O ultimo caso foi que, podemos ver quando a gangue sai “escafedida” do lugar do crime, Santana não foge. Ou seja, até que a policia chegasse, foi ele quem prestou socorro á João Amorim, mantendo-o vivo. E após isso, fugiu para viver sua vida como um justiceiro anônimo. Um anti-herói. Ou simplesmente: Santana.

              João Amorim e sua dura crítica á eficiência policial – Esse tópico é bastante polêmico e deve ser tratado com cuidado, pois João Amorim aborda um tema crucial e de extrema importância. Serão os policiais adequadamente preparados e qualificados para lidarem com casos de homicídio? A participação cômica e até mesmo aparvalhada da patrulha a qual João Amorim usa como exemplo em Obrigado a matar nos diz que: Não. E isso pode ser destacado em vários exemplos. Primeiramente. Ao invés de perseguir os criminosos suspeitos que pularam a cerca á pé correndo a estrada acima os policiais que estavam em meios de transporte resolvem deixar todo mundo fugir para se espremerem todos em volta dos violentados. E isso sem prestar socorro ao homem que atingiram na cerca, deixando-o morrer ao relento sem o mínimo de atenção. Seria essa uma ilustração do descaso de certos agentes da lei com a vida humana? E seria também um exemplo de sede de reconhecimento e busca de status entre todos os agentes que se aglomeraram em volta de um homem claramente rico e de grande importância local? Outro exemplo é a hierarquia que esse tipo de órgão sofre. O simples policial ao implorar que alguém chame uma ambulância nem ao menos é levado em consideração. Chaves, o homem que tinha um celular, só obedece as ordens de seu comandante, não importando se isso traz riscos á vida de civis inocentes. Aprendemos que uma única cabeça controla todo o corpo armado, e se essa cabeça sofre delírios de grandeza e, por mais que seja uma cabeça lesada e confusa, será seguida cegamente por seus fieis “lacaios” se assim podemos dizer.  João Amorim além de gênio nas artes cinematográficas ainda é um insatisfeito observador dos erros grosseiros daqueles que deveriam impedir que atrocidades como essa acontecessem.

              Claro que poderia relatar outras dezenas de tópicos até esgotar todas as nuances e intenções desse grande mestre. Mas até então já conseguimos compreender um pouco mais de sua obra e de sua genialidade. Mago em destorcer a realidade sem medo de mesclá-la com ficção e brincalhão que corre livremente entre a fantasia e o drama. Agora tire você, caro leitor, suas próprias conclusões e suas próprias teorias a respeito dessa inesgotável fonte de conhecimento e sabedoria a qual chamamos por dois nomes. João Amorim.

               E daqui a uma semana: “Os tropeiros” O fragmento que se salvou do grande incêndio nos Estúdios João Amorim embora tenha apenas 4.46 minutos de duração aborda temas delicados como: Homossexualismo, zoofilismo e transformismo.

Até lá!

quarta-feira, 14 de março de 2012

Toda Essa Loucura Sobre Mortos.

Bom galera, é isso. Esse a quem vos fala resolveu escrever outras meia dízias de palavras.
Dessa vez para lhes apresentar essa nova novela que com certeza conquistará o coração de todo mundo.
Parem de perder tempo lendo isso e vão logo ler o que importa. Temos o Capitulo 1 por enquanto, mas já será uma grande coisa se alguém ao menos o ler, então no decorrer do tempo vou postando as continuações. obrigado e espero que gostem =)


 Cliquem aqui pra ler!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Relatos do Condado de Areia. O Rio das árvores deitadas.

Então o barco segue seu curso...
O curso das águas calmas.

O pequeno rio que logo se transforma entre curvas e depressões é hospitaleiro e manso.
Sua água escura e densa reflete claramente o verde das arvores que o cerca
Árvores que se curvam perante sua majestade, e sedentas bebem de sua doce água;
O rio das árvores deitadas.
E ao redor não se vê nada além de árvores
e não se sente nada além da estranha sensação de estar sendo observado.
O silêncio é quebrado por um canto, um sussurro e um estrondo
Não dê importância, segue teu caminho.
Aqueles que pararam não conseguiram mais andar
O rio corre pra frente e para frente que se deve olhar.
Não sabe o que te espera na encosta, mas nada pode ser pior do que a angustiante vontade de estar lá.

E então o barco segue seu curso...
No rio das arvores deitadas.

 Relatos do Condado de Areia. Parte II de X